Há
pouco trânsito pelas ruas, os parques do apeadeiro estão vazios, os
comboios passam sem passageiros, não se veem ou ouvem os aviões,
não há escola, não há catequese, não há missas, nem pode haver
funerais para as pessoas não se juntarem. O parque está fechado, os
cafés estão fechados, não há jogos de futebol na ACDR, não há
ginástica, nem danças, nem convívios, nem festas. Só funciona
algum comércio essencial à sobrevivência das pessoas...
As
pessoas... quase todas, como se pede, por prevenção, e muitas com
medo, estão fechadas nas suas casas. Grandes e pequenos, novos e
velhos, ricos e pobres, homens e mulheres, todos, os que podem, em
casa.
E
como estarão em casa?!
O
único contacto é pelo telefone ou internet, para quem a tem. É um
contacto virtual, já que o real está "proibido". E
se o contacto não é real como estarão as pessoas? Em que condições
de vida e de saúde, física e mental, nas suas relações, limitadas
às suas casas? Sem presença nos espaços públicos, de relações
cruzadas, como estarão a sobreviver a esta reclusão forçada? Quem
sabe de quem? Quem sabe se não haverá alguém esquecido no interior
da sua casa, a perder-se, passando despercebido aos olhos dos poucos
que passam na rua, e mesmo dos que estão dentro das mesmas paredes.
Estejamos atentos!
Resta,
para esquecer as notícias da TV, sempre iguais, de cada vez mais
infectados e cada vez mais mortos em todo o mundo, resta, lá fora, à
nossa volta, a natureza a florir nesta primavera que saudavelmente se
repete, e nos traz esperança.
Sendo
assim, como Cambeses parou, e Cambeses são as pessoas, não há mais
Notícias de Cambeses, sendo esta a última notícia.